TL 17: A RELAÇÃO DIALOGICA E O EXPERIMENTO: UM ENCONTRO DOS MÉTODOS DA GESTALT-TERAPIA

Autores/as

  • Fernanda Ururahy Borba Galvão Rodrigues
  • Juliana Romero Barbosa Bandeira de Mello
  • Mônica Diamantino Ayala Santomé
  • Vivianne Pereira Pitanga

Resumen

TL 17: A RELAÇÃO DIALOGICA E O EXPERIMENTO: UM ENCONTRO DOS MÉTODOS DA GESTALT-TERAPIA Fernanda Ururahy Borba Galvão Rodrigues Juliana Romero Barbosa Bandeira de Mello Mônica Diamantino Ayala Santomé Vivianne Pereira Pitanga RESUMO A Gestalt- terapia utiliza ferramentas como a relação dialógica e o experimento para buscar a ampliação de awareness do cliente. Através da relação dialógica o terapeuta se coloca a disposição do cliente mostrando que ele não está sozinho para confrontar o que surgir no setting terapêutico. A partir da disponibilidade emocional de ambos, construída na relação dialógica, o terapeuta possui elementos para saber como e para que utilizar o experimento. Ele é efetivo quando o cliente consegue assimilar algo novo sobre si mesmo. Palavras chaves: Gestalt-terapia, experimento e relação dialógica PROPOSTA O objetivo maior da Gestalt-terapia é a ampliação de awareness do cliente. Para se atingir esse objetivo, existem várias maneiras, sendo uma delas, o experimento. Perls define um experimento como: “(...) um ensaio ou observação especial feitos para provar ou descartar algo duvidoso, especialmente sob condições determinadas pelo observador; um ato ou operação realizados a fim de descobrir algum princípio ou efeito desconhecidos, ou, para testar, estabelecer ou ilustrar alguma verdade conhecida ou sugerida; teste prático; prova.” (Perls ET AL., 1951, p. 14). O cliente torna-se assim seu instrumento de trabalho. Zinker (2007, p. 141) afirma: “O experimento é a pedra angular do aprendizado experiencial. Ele transforma o falar em fazer, as recordações estéreis e as teorizações em estar plenamente presente aqui, com a totalidade da imaginação, da energia e da excitação.” Os experimentos e as técnicas da Gestalt-terapia não devem ser usados levianamente, mas dentro de um contexto a ser determinado pela relação cliente e terapeuta dentro do processo terapêutico. Um experimento é efetivo quando o cliente consegue assimilar algo novo sobre si mesmo pela experiência. Polster, Polster e Zinker (2001; 2007) afirmam que o experimento a ser usado na sessão terapêutica aparece durante o desenvolver da mesma. Não há uma lista de regras específicas de como utilizar o experimento, que vai depender da relação dialógica estabelecida pelo cliente e terapeuta, do tema trazido pelo cliente, do auto-suporte do cliente, do aqui e agora, dentre outros fatores. O terapeuta, antes de se utilizar do experimento, deve sempre saber como e para que usá-lo. Este só é possível após um consenso entre terapeuta e cliente, onde ambos se mostrem disponíveis. O terapeuta se coloca a disposição do cliente, mostrando que ele não está sozinho para confrontar o que aparecer do experimento. A presença do terapeuta é essencial para o cliente poder experienciar. Zinker (2007, p. 145) afirma: “O experimento transcorre no campo da energia psicológica entre duas ou mais pessoas. Uma delas é chamada de terapeuta ou conselheiro e a outra, de paciente ou cliente.” O uso eficaz das técnicas de Gestalt-terapia, segundo Cardella (2002), vai depender da relação dialógica estabelecida pelo terapeuta e o cliente. Faz-se necessário que haja uma disponibilidade emocional de ambos para o êxito do experimento proposto. De acordo com Salomão (in Lima, D’Acri e Orgler, 2007, p. 106), o experimento é sempre único por ser no aqui e agora e depender do manejo do terapeuta. A autora afirma que o cerne da sessão terapêutica na Gestalt-terapia é a relação dialógica construída entre o terapeuta e o cliente e a awareness só pode ocorrer no aqui e agora dessa relação. “O experimento mais básico, portanto, é a própria relação.” As relações EU-TU e EU-ISSO de Buber orientam a psicologia dialógica. Trata-se exatamente do que ocorre “no entre” das relações. O terapeuta precisa focar e vivenciar a realidade do cliente como um todo e algumas vezes abrir mão do seu repertório teórico e técnico para se dedicar a relação. Assim, Buber (in Hycner, 1995, p. 56) diz que “o terapeuta não descansa no planalto amplo de um sistema que inclui uma série de pressupostos acerca do absoluto, mas caminha sobre uma vereda estreita e pedregosa que permeia os abismos, onde não há segurança do conhecimento expresso, mas a certeza do encontro que se mantém não revelado”. Buber (in Hycner, 1995, p. 59) afirma: “Você pode ver, sentir e experenciar colocando-se nos dois lados. Do seu próprio lado, vendo, observando, conhecendo, e ajudando o outro – do seu próprio lado e também do lado dele. Eu me aventuraria a dizer que você pode experienciar com muita força o lado dele da situação”. O desafio do terapeuta é estar a serviço do dialógico, é viver a oscilação existencial e ser capaz de esquecer a si próprio, para perceber e compreender a realidade do cliente mantendo seu próprio centro para oferecer outra perspectiva. A abordagem dialógica tem o propósito de que o cliente alcance uma posição confortável diante da relação genuína com o terapeuta, para assim buscar experienciar “novas formas” de se relacionar fora do setting terapêutico. “O cliente é capaz, agora, de praticar a inclusão. O self do cliente reconhece e aprecia a singularidade do self do terapeuta e, extrapolando, também os selfs dos outros. Esta é a base para qualquer diálogo genuíno: a disponibilidade do cliente para experimentar relações verdadeiras com os outros.” (Hycner, 1995, p. 60). BIBLIOGRAFIA CARDELLA, Beatriz H. P. A construção do psicoterapeuta – uma abordagem gestáltica. São Paulo: Summus, 2002 D’ACRI, Gladys; LIMA, Patrícia; ORGLER, Sheila. Dicionário de Gestalt-terapia: “Gestaltês”. São Paulo: Summus, 2007. HYCNER, Richard. De pessoa a pessoa: psicoterapia dialógica. Trad. Elisa Plass Z. Gomes, Enila Chagas, Márcia Portella. São Paulo: Summus, 1995. PERLS, Frederick; HEFFERLINE, Ralph; GOODMAN, Paul (1951). Gestalt-Terapia. Trad. Fernando Rosa Ribeiro. São Paulo: Summus, 1997. POLSTER, Erving e POLSTER, Miriam. Gestalt-terapia integrada. Trad. Sonia Augusto. São Paulo, Summus, 2001. ZINKER, Joseph. Processo criativo em Gestalt-terapia. Trad. Maria Silvia Mourão Netto. São Paulo: Summus, 2007.

Publicado

2014-09-18