PN 03: O LABORATORIO GESTALTICO EM AÇÃO: UMA ABORDAGEM GESTALTICA DA VIDA VIVIDA...

Autores

  • Rafaelle Cristine Diogo Melo
  • Keyth de Oliveira Vianna
  • Priscilla Corrêa Welte
  • Carolina Ferreira Guerreiro
  • Eleonôra Torres Prestrelo
  • Laura Cristina de Toledo Quadros

Resumo

PN 03: O LABORATORIO GESTALTICO EM AÇÃO: UMA ABORDAGEM GESTALTICA DA VIDA VIVIDA... Rafaelle Cristine Diogo Melo Keyth de Oliveira Vianna Priscilla Corrêa Welte Carolina Ferreira Guerreiro Eleonôra Torres Prestrelo Laura Cristina de Toledo Quadros RESUMO Esse trabalho visa apresentar de forma expositiva o trabalho do projeto "Labotarório Gestáltico: configurações e práticas contemporâneas" em seu objetivo extensionista de ser um espaço de divulgação da abordagem gestáltica dentro da Universidade e para à comunidade como um todo, apostando, para tal, em uma proposta que possibilite e potencialize novas formas de produção de conhecimento. Palavras-chave: Gestalt; Extensão universitária; Práticas em psicologia. PROPOSTA Este trabalho tem como objetivo apresentar um projeto que se propõe a desenvolver uma atividade de extensão que se concretize através do diálogo, pois, como ressalta Paulo Freire, pedagogo que nos inspira, o conhecimento requer uma presença curiosa, requer ação para transformar a realidade, ou seja, transformar o outro e a nós mesmos, condição inalienável do viver: O diálogo é o encontro amoroso dos homens que, mediados pelo mundo, o “pronunciam”, isto é, o transformam, e, transformando-o, o humanizam para a humanização de todos (FREIRE, 1977, p. 43)”. Acreditamos que temos muito que aprender com a comunidade a qual nos vinculamos, com seu sistema de funcionamento, crenças, valores, com sua experiência. No ano de 2012 nos propomos a explorar a “experimentação” como suporte para o conhecimento de si e do mundo numa perspectiva trazida pela abordagem gestáltica, abordagem teórica que orienta este projeto e em resposta a solicitação constante do publico que participa todos esses anos de nossas atividades. A experiência se dá através da apreensão do vivido, daquilo que nos afeta e não a partir de concepções pré definidas. A Abordagem Gestáltica embora seja mais conhecida como uma abordagem psicoterapêutica é muito mais que isso, se constitui, como seu próprio criador Fritz Perls ressalta, numa forma de apreensão do mundo, de entendimento da realidade em que vivemos: “Em outras palavras, é primeiro uma filosofia, uma forma de ser, e com base nisto, há maneiras de aplicar este conhecimento de forma que outras pessoas possam beneficiar-se dele. Gestalt-terapia é a organização prática da filosofia da gestalt. (Kampler in Stevens, 1977:14)”. Fundamentados nessa premissa, organizamos nossas atividades com o objetivo de resgatar, no meio universitário e na comunidade leiga, uma outra possibilidade de olhar o mundo, diferente do modelo essencialmente teórico, predominante no meio acadêmico, configurando-se num campo de intervenção e reflexão para produção de conhecimento. Assim apoiamo-nos na idéia de aproximar o conhecimento dos aspectos vivos e dinâmicos do cotidiano, e na possibilidade de olhá-lo através do resgate de nossa dimensão sensível, através da nossa experiência. Ao longo de nossa experiência como docentes (e discentes) na formação de psicólogos, percebemos que a forma de transmissão das teorias psicológicas para os alunos era identificada, por eles, como um tanto desconectada de suas experiências, numa predominância do ensino teórico e das técnicas psicológicas, sem a aproximação necessária a sua apreensão no cotidiano. Acreditamos que esse fato se constitui pela reprodução de uma pedagogia dissociada da demanda daqueles a quem se destina. Essa identificação pode ser delineada pela demanda dos alunos do curso de Graduação em Psicologia do Instituto de Psicologia da UERJ, em ampliar seus estudos através do conhecimento das diversas formas de aproximação de seu objeto de estudo ao seu cotidiano – o Humano, de forma muito mais próxima de seus anseios, como podemos constatar no relato de uma ex-aluna:“O que é que se faz quando se descobre que chegou na metade do caminho, e que não está preparado para enfrentar um décimo da complexidade da vida humana que está prestes a lhe ser confiada, através de uma atividade curricular que finalmente se aproxima, depois de três longos anos sendo obrigado a entender a teoria dissociada da prática? ( Xisto, 2006, p. 226)”. Ao longo de nosso trabalho levantamos questões a partir do que “nos acontece” e que é solicitado pela comunidade na qual estamos inseridos, e refletimos temas que têm nos perpassado o cotidiano, tais como: a humanização das relações, a importância do desenvolvimento da sensibilidade, o acolhimento, o cuidado, a dialogicidade, a angústia contemporânea na forma como lidamos com o tempo. Neste sentido, promovemos, de forma contextualizada, o aprofundamento teórico e a troca de experiências de alunos e profissionais da Psicologia e de áreas afins com a população, pois assim acreditamos favorecer o entendimento de questões que angustiam, fazem sofrer e adoecer o Homem contemporâneo, pois como diz Minkowski: “O sofrimento é uma parte integrante da existência humana. Mais que uma parte, ele a marca, a posiciona. (...) O sofrimento está em nós e nele tomamos contato com nós mesmos e com a existência. Não miséria humana, mas sofrimento humano. O homem que sofre não tem nada de mísero em si. Ele é o que é como ser humano, e o que não pode deixar de ser (p.156-157).” BIBLIOGRAFIA FREIRE, P. Extensão ou comunicação? 3ª edição. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977. XISTO, V. de A. E agora? in Vasconcelos, E. Perplexidade na Universidade: vivencias nos cursos de saúde. São Paulo: Editora Hucitec, 2006. KEMPLER, W. In STEVENS, J.O. e STEVENS, B., Introdução de Isto é Gestalt, São Paulo: Summus, 1977. MINKOWSKY, E. Breves reflexões a respeito do sofrimento. In Rev. Latino Americana de Psicopatologia Fundamental III,4. 156-164, 2000.