MC 7: INFLUÊNCIAS E HERANÇAS FAMILIARES NA TERAPIA – UM PARALELO ENTRE A GESTALT-TERAPIA E A CONSTELAÇÃO FAMILIAR

Autores

  • Clarissa Assumpção Dias
  • Paula Nascimento

Resumo

MC 7: INFLUÊNCIAS E HERANÇAS FAMILIARES NA TERAPIA – UM PARALELO ENTRE A GESTALT-TERAPIA E A CONSTELAÇÃO FAMILIAR Clarissa Assumpção Dias Paula Nascimento RESUMO Este trabalho tem como objetivo esclarecer a dinâmica familiar, em termos das diversas identificações. Pretendemos repensar as heranças deixadas pelas famílias traçando um paralelo entre a ciência da Constelação Familiar e a teoria da Gestalt-terapia. O participante terá um espaço para expandir seu conhecimento às influências das heranças familiares sobre o cliente, capacitando-se a utilizar tal aprendizado em seus atendimentos. PROPOSTA PHG relatam que “Em toda e qualquer investigação biológica, psicológica ou sociológica temos que partir da interação entre o organismo e seu ambiente. [...] Denominemos esse interagir entre organismo e ambiente em qualquer função o “campo organismo/ambiente”, e lembremo-nos de que qualquer que seja a maneira pela qual teorizamos sobre impulsos, instintos etc, estamos nos referindo sempre a esse campo interacional e não a um animal isolado” (1997, p.42) Sendo assim, o meio onde o indivíduo está inserido é fundamental para sua compreensão, precisamos então olhar para o “campo organismo/ambiente” que compõe a sua existência. Hellinger se refere a este campo denominando como “consciência coletiva” e a descrevendo como: “... uma consciência grupal. Enquanto que a consciência pessoal é sentida por cada indivíduo e está a serviço do seu pertencer e da sua sobrevivência pessoal, a consciência coletiva tem em seu campo de visão a família e o grupo como um todo. Está a serviço da sobrevivência do grupo inteiro, mesmo que para isso alguns precisem ser sacrificados. Está a serviço da totalidade desse grupo e das ordens que asseguram a sua sobrevivência da melhor forma possível.” (2007) Visto isto, podemos sugerir que o campo é um organismo vivo no qual os antepassados estão presentes. O campo nos permite manter nossos referenciais. Todo antepassado deixa no campo informações, as quais seus descendentes recebem como herança. Esta por sua vez aparece aqui não no sentido material, financeiro, mas legados de valor moral, de padrões de comportamento que se estendem sobre várias gerações, e que na maioria das vezes, não deixam escolha para os descendentes. Quando esta herança é aceita, mantêm-se a lealdade, implicando em dar sentido ao recebido. Isto se dá de forma coerente num sistema de significados conhecidos e transmissíveis, através de um código comum. Certos legados podem ser uma maneira específica de lidar com algumas situações que é passada de uma geração à outra, muitas vezes na tentativa de encontrar soluções para dilemas que ninguém fala, nomeia, e que por isso viram segredo no grupo familiar. Na Gestalt-terapia acredita-se que o sujeito que não consegue solucionar situações repetitivas está com sua capacidade de autorregular-se bloqueada por identificações familiares, desconhecimento de si mesmo, que o impossibilita atingir uma clareza para sua escolha. “Todo conflito é fundamentalmente um conflito nas premissas da ação, um conflito entre necessidades, desejos, fascínio, imagens de si próprio, objetivos alucinados; e a função do self é atravessar esse conflito, sofrer perdas, mudar e alterar o que está dado” PHG (1997) Profissionais desta abordagem, acreditam que uma decisão só pode ser tomada a partir do contato com a novidade assimilável e que o sujeito que está plenamente presente poderá conscientiza-se da sua responsabilidade e do seu compromisso com suas escolhas. Farah, E.(2007) diz que “Uma vez que o conflito tem uma função de autorregulação, prestando-se atenção ao conflito, permite-se que o ajustamento criativo e a autorregulação organísmica promovam, espontaneamente, uma nova configuração, integrando tais experiências ao self, ampliando-o.” Acredita-se que existe uma correlação muito forte entre os aspectos familiares e as escolhas do individuo. Sendo assim a união destas duas teorias cria uma dinâmica que possibilita a visualização das diversas dinâmicas familiares, o que permitirá o cliente tornasse consciente destas influências e observar quais aspectos o impede de tomas algumas decisões. “O contato é sempre novidade, e o processo autorregulador necessita de awareness da situação e descoberta de estratégias adaptativas.” Mendonça, M (2007) Então, este trabalho tem como objetivo esclarecer que a dinâmica familiar, é responsável por diversas identificações e cristalizações. Para tal trabalharemos fundamentalmente com uma postura fenomenológica, a qual Müller-Granzotto (2007) falam que: “No campo da prática clínica, a noção de fenomenologia se presta a designar uma postura de disponibilidade do terapeuta em relação àquilo que se mostra na sessão como algo “óbvio”, mas não ligado a causa de um agente determinado. [...] Ao terapeuta importa pontuar o modo “como” esses acontecimentos se mostram desde si na atualidade da sessão, retomem eles do passado, dirijam-se eles ao futuro.” Os terapeutas poderão utilizar este instrumento na clínica para ter acesso às influências familiares nas escolhas dos seus clientes, pois é no seio da família que ocorrem as muitas identificações pessoais. Na vivência do curso, se dará à clarificação das diversas dinâmicas familiares, o que permitirá aos participantes tornassem conscientes destas influências e possibilitará também, o acesso à estória da família e seus diversos direcionamentos que hoje os impedem de tomar uma decisão. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA D’ACRI, G; LIMA, P; ORGLES, S; Dicionário de Gestalt-terapia: Gestaltês. – São Paulo: Summus, 2007 FARAH, E; Conflito In. D’Acri, G; Lima, P; Orgler, S; Dicionário de Gestalt-terapia: Gestaltês. – São Paulo: Summus, 2007 GROISMAN, M.; Família é Deus, descobra como a família define quem você é. – Rio de Janeiro: Núcleo-Pesquisas, 2006 HELLINGER,B; Sobre as consciências. 2007, Site: http://www.institutohellinger.com.br/principal/index.php?option=com_content&view=article&id=68:sobre-as-consciencias&catid=24:textos&Itemid=38 IRBEM-BLACK, E.; Os segredos na família e na terapia. – Porto Alegre: Artes Médicas, 1994. LEONE, G; Estendendo as fronteiras da psicoterapia: constelações familiares e outros enfoques transgeracionais. In: Pinto, EB; Gestalt-terapia: Encontros. São Paulo: Instituto Gestalt de São Paulo, 2009 (Série atualizações em Gestalt-terapia). MENDONÇA, M; Ajustamento Criativo In. D’Acri, G; Lima, P; Orgler, S; Dicionário de Gestalt-terapia: Gestaltês. – São Paulo: Summus, 2007 MÜLLER-GRANZOTTO, MJ e RL; Fenomenologia In. D’Acri, G; Lima, P; Orgler, S; Dicionário de Gestalt-terapia: Gestaltês. – São Paulo: Summus, 2007 PERLS, FS; HEFFERLINE,R; GOODMAN, P.; Gestalt-terapia. São Paulo: Summus, 1997 ZINKER, J. A Busca da elegancia na psicoterapia: uma abordagem gestáltica com casais, famílias e sistemas íntimos – São Paulo: Summus,2001 ZINKER, J. Processo Criativo em Gestalt-terapia – São Paulo: Summus, 2007.

Publicado

2014-07-29