MC 5: GESTALT-TERAPIA: O QUE É E COMO FAZEMOS? – TEORIA E PRÁTICA DE UMA ABORDAGEM DIALÓGICA

Autores

  • Teresa Amorim

Resumo

MC 5: GESTALT-TERAPIA: O QUE É E COMO FAZEMOS? – TEORIA E PRÁTICA DE UMA ABORDAGEM DIALÓGICA Teresa Waismarck Amorim RESUMO A proposta deste mini-curso é promover um espaço de reflexão e compreensão acerca da teoria e prática da abordagem gestáltica: O que é e como fazemos? A partir da fundamentação filosófica e teórica dessa abordagem, pretendemos desenvolver uma investigação dos princípios que definem essa abordagem em sua prática clínica. Nosso objetivo é percorrer as bases da Gestalt-terapia, assim como propor uma reflexão de cunho teórico e prático do desdobramento dessa abordagem e a forma de atuação de um gestalt-terapeuta. O que é Gestalt-Terapia? Quais as bases da Gestalt-Terapia? E como trabalha o terapeuta gestáltico? Palavras-chave: gestalt-terapia, teoria e prática clínica, terapeuta gestáltico. PROPOSTA O presente mini-curso tem a pretensão de fazer uma caminhada pelas bases teóricas e filosóficas da Gestalt-terapia para a compreensão da prática clínica dessa abordagem assim como a postura dialógica do terapeuta. Na busca da definição dessa abordagem, o intuito é percorrer de maneira breve a trajetória histórica assim como suas teorias de base. Na tarefa de descrever essa teoria, a partir de conceitos básicos e sua metodologia de trabalho, chamamos a atenção para a prática clínica da integração. Segundo Perls (1977): “A diferença essencial entre a Gestalt-terapia e a maior parte dos outros tipos de psicoterapia é que nós não analisamos. Nós integramos. O que nós queremos evitar é o velho erro de misturar compreensão com e xplicação.” (p.97) O argumento principal da Gestalt-terapia refere-se ao ´falar sobre´, que segundo os Polsters (2001), sacrifica a imediaticidade da experiência. Para os autores, “falar sobre estéril – precisa de novos modos que estimulem as pessoas a experienciar sua ação presente enquanto estão se comunicando e aprendendo.” (POLTERS, 2001, p.29) Retomando as idéias de Polsters (2001), a experiência do cliente é mais importante: “Essa ênfase na própria experiência, e não na sua interpretação reflete o espírito de protesto contra o autoritarismo que dá poder a uma pessoa, que presumivelmente sabe mais, para colocar algo sobre outra, que presumivelmente sabe menos. Em vez de brincar com jogos de adivinhação intelectual, preferimos que um paciente penetre em sua própria experiência, confiando que quando ele obtiver um senso claro do que está acontecendo dentro de si, seu pr óprio senso de direção o impelirá para a experiência que deve vir a seguir. Sua dinâmica interior precisa ser reconhecida e despertada de novo.” (POLSTERS, 2001, P.34) Podemos então afirmar que a essência de nosso trabalho é desenvolvida através do contato no aqui e agora, e que: “Todo contato é um ajustamento criativo do organismo e ambiente.” (PERLS, HEFFERLINE e GOODMAN, 1997, p.45) A Gestalt-Terapia é um sistema de terapia que acredita no ser holístico - um ser integrado ao meio, uma abordagem de psicoterapia que reúne técnicas e estratégias terapêuticas específicas dentro de um modelo teórico, filosófico e metodológico de intervenções fenomenológicas. Uma prática terapêutica que propõe um encontro de contato e presença na relação terapeuta e cliente assim como uma reflexão ampla da relação homem-mundo. O Gestalt-terapia é definida nas palavras de Perls (1977): “[...] o objetivo da terapia, o objetivo do crescimento, é perder cada vez mais sua ‘mente’ e aproximar-se mais dos seus sentidos. Entrar cada vez mais em contato com o mundo, ao invés de estar apenas em contato com fantasias, preconceitos, apreensões, etc.” (PERLS, 1977, p.77) Direcionaremos nosso olhar para a postura dialógica do terapeuta e seus desdobramentos numa constante revisão das perspectivas sobre o sentimento da existência humana, onde cada um – terapeuta e cliente operam na mutualidade. E assim, a partir diretrizes da abordagem dialógica, queremos compreender a construção e formação de um Gestalt-terapeuta. Na tentativa de compreender os princípios básicos da Gestalt-terapia, pretendemos desenvolver e as similar a importância dos conceitos que estão presentes na prática clínica dessa abordagem. Como terapeutas, somos convidados a explorar a subjetividade e o diálogo da existência humana, onde o ser do terapeuta, junto ao cliente, vive a experiência imediata do ser. A experiência do nada, que conduz o homem a uma tomada de consciência de sua existência em aberto, de uma existência inacabada, onde não há uma pré-determinação, onde há apenas a possibilidade da construção da própria existência – do homem como um ser para si mesmo, do homem como um ser-no-mundo. O procedimento gestáltico está baseado no método fenomenológico, que consiste na focalização da experimentação fenomenológica conduzindo o cliente a awarenes. É preciso estar atento ao continuum da awareness e ao mesmo tempo envolvido na relação Eu-tu e Eu-Isso no processo terapêutico. O terapeuta precisa estar comprometido com a filosofia dialógica, onde técnica e contat o se unem num processo de exploração fenomenológica. Uma metodologia que se caracteriza pela assimilação da consciência do cliente e assim pela observação sensível do terapeuta. O roteiro proposto para esse tema é colocar em foco o cenário da Gestalt-Terapia. Discutir, refletir e vivenciar essas questões como instrumento básico para a formação e capacitação profissional, confrontando e confirmando a existência de cada terapeuta em sua singularidade assim como, seus limites e possibilidades. Explorando o cenário existencial da teoria gestáltica e a abordagem existencial dialógica, nossa proposta é contextualizar o ser humano na construção da identidade do ser terapeuta contemporâneo em sua prática clínica, considerando a humanização do ser do terapeuta a questão fundamental na relação. A proposta desse tema é abordar de forma clara e simples o trabalho de um gestalt-terapeuta em sua prática clínica. Na tentativa de compreendermos a definição dessa abordagem, Ribeiro (2006) destaca: “Quando dizemos ‘Eu faço Gestalt’, como terapeuta ou como cliente, afirmamos que nossa prioridade é a busca de uma totalidade perdida, uma vez que problemas mentais são disfunções de uma totalidade não vivenciada. [...] Fazer Gestalt não é uma tentar cicatrizar feridas antigas, mas olhar para elas e a partir delas fluir para uma nova pessoa que mora dentro de nós, deixando de lado e para trás velhos olhares, cheiros antigos, sensações perdidas, toques que não significam mais nada, pois o remédio da cicatrização é fluir para um amanhã apesar de todos os riscos.” (RIBEIRO, 2006, p.139) O presente trabalho adquire relevância na medida em que pretende analisar as bases da Gestalt-terapia, buscando investigar a postura terapêutica do ser terapeuta e suas ressonâncias na prática clínica na Gestalt-terapia. Nossa expedição impl icará em alguns princípios metodológicos que possibilitará uma maior compreensão do que significa ser e estar um gestalt-terapeuta. Para compor esse mini-curso, será aberto um espaço para discussão e estudo de casos. BIBLIOGRAFIA GINGER, S. E A. Gestalt-Terapia – Uma Terapia de Contato, São Paulo: Summus, 1995. PERLS, F.; HEFFERLINE, R.; GOODMAN, P. Gestalt-Terapia, São Paulo: Summus, 1997. PERLS, F.: Gestalt-Terapia Explicada. São Paulo: Summus, 1977. POLSTERS, E. e M. Gestalt-Terapia Integrada. São Paulo: Summus, 2001. PORCHAT, I. e BARROS, P. Ser Terapeuta. São Paulo: Summus, 2006. RIBEIRO, J. Vade-mécum de Gestalt-terapia. São Paulo: Summus, 2006. YONTEF, G. Processo, Diálogo e Awareness. São Paulo: Summus, 1998.

Publicado

2014-07-29