Ser-no-mundo de mulheres que vivenciam o luto gestacional

Uma visão fenomenológica-existencial

Autores

  • Bruna Machado Wascheck Pontifícia Universidade Católica de Goiás
  • Virgínia Elizabeth Suassuna Martins Costa
  • Vitor Hugo Santos Nunes

Palavras-chave:

luto gestacional, gestalt-terapia, perda e vínculo

Resumo

De acordo com a Gestalt-terapia, o ser humano é um ser social, ou seja, está inserido em um contexto de relações nas quais ele transforma e é transformado. Dessa forma, a identidade de cada ser está implicada nos eventos vivenciados no mundo. Com isso, é possível refletir o luto como um processo de construção e reconstrução de significados por meio de um rompimento de vínculos. Logo, o luto não é vivenciado de forma individual, mas experienciado de forma singular inserido em um contexto de relações. Dessa maneira, é muito importante a reflexão de como a maternidade é relacional, ou seja, a maternidade se dá na relação entre a mãe e a criança. Logo, para a Gestalt-terapia, a maternidade não é compreendida de forma isolada, percebendo somente a mãe, mas o contexto no qual a mãe está inserida, sua relação com o bebê, com sua família, em seu campo, a sociedade na qual está inserida. Desse modo, é possível observar a influência do tempo e espaço em que a mãe está inserida na visão atual da maternidade, por exemplo. Socialmente, é permeada pela idealização do nascimento, da alegria e da vida. Obtêm-se expectativas, identificações e fantasias, na qual a mãe se reconhece e se constitui em sua relação com o mundo, com o bebê e consigo mesma. A perda de um filho implica a perda de desejos, planos e fantasias, frustrações intra e interpessoais e ao processo de luto: quando perde-se um filho, perde-se uma mãe. Desse modo, essa é uma pesquisa baseada no método qualitativo de Giorgi & Sousa, na qual foram realizadas entrevistas com mulheres que vivenciam o luto gestacional. Desse modo, após a coleta de dados, a análise de dados foi realizada a partir da teoria de Giorgi & Sousa, com a finalidade de investigar o significado das falas das participantes em uma perspectiva fenomenológica focada no fenômeno pesquisado. Assim sendo, a compreensão das formas de acolhimento da dor e das vivências se mostrou essencial na relação do luto e da Gestalt-terapia, já que essa abordagem defende o luto como um processo experienciado de diversas formas aos longos dos anos e como a perda de um ente querido não se é superada, mas vista como um processo, extrapolando a concepção de que quem vivencia o luto torna-se um ser doente. Entende-se, logo, que os lutos são vivências a serem compreendidas e não vistas como patologias, confirmando a relevância de que cada perda seja compreendida de forma singular, levando em consideração a subjetividade humana.

Biografia do Autor

Vitor Hugo Santos Nunes

Psicólogo Clínico (CRP 09/17433) graduado pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás na linha teórica da Gestalt-Terapia, orientado pela Profª. Dra. Katya Alexandrina Matos Barreto Motta. Aluno especial do Mestrado no Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal de Goiás. Membro-fundador e Diretor de Eventos na Liga Acadêmica de Gestalt-Terapia de Goiás (2022 - Atual). Co-fundador do Instituto Faroleiro e co-fundador do Coletivo Afetropia. Supervisor de Grupos de Estudos em Luto - LAGET; Faroleiro (2023 - Atual) e mediador do Grupo de Intervisão Clínica em Gestalt-Terapia (2023 - Atual). Interessado pelos temas de Fenomenologia, Existencialismo, Gestalt-Terapia, Luto e Adolescência.

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Publicado

2025-09-26