Supervisão: um olhar sobre o instrumento de trabalho do psicoterapeuta

Autores/as

  • sandra moreira menezes

Palabras clave:

instrumento trabalho psicoterapeuta

Resumen

Parte-se da premissa de que ser psicoterapeuta é uma das profissões mais paradoxais que existe, em função de lidar com situações, sentimentos e circunstâncias, cujo limiar entre o que é do psicoterapeuta e o que é do cliente, parece ser tênue e sutil. Como justificativa dessa afirmação, destacam-se situações paradoxais com as quais o psicoterapeuta, inevitavelmente, viverá durante sua caminhada como profissional, que são: manter uma atitude Eu-Tu, marcada pela aceitação e confirmação, sem, no entanto, evitar colocar o cliente frente às demandas externas, frustrando-o em suas tentativas de evitar o contato com o fenômeno no aqui-agora; funcionar como Tu, em uma relação dialógica, sem querer confirmação do Eu, que viria do cliente em relação ao terapeuta; confrontar-se com questões da vida de outras pessoas que, talvez, não estejam resolvidas na própria vida; a sua vulnerabilidade, que pode tornálo receptivo às questões do cliente e que, se não for reconhecida, pode transformar-se em obstáculo na relação; aprender a diferenciar-se, estar aware do “entre”, contatando, com qualidade, o cliente a si próprio; estar à serviço do outro e experienciar a relação propriamente dita considerando o encontro e as resistências, tanto do cliente como suas; aprender todo um conhecimento teórico, objetivo, técnico para, no contato com o cliente, “esquecer”, gerando espaço para estar presente na relação terapêutica de forma plena, por inteiro. Deve estar disponível para ser tocado pelo cliente (CARDELLA, 2002; SILVA e OLIVEIRA, 1999; JACOBS, 1997). Outra circunstância delicada, no âmbito da prática do psicoterapeuta é uma possível insegurança e a ansiedade, que poderão levar o terapeuta a desempenhar posturas defensivas diante do cliente, mostrando-se formal, intelectualizado e perfeccionista, o que pode lhe dá uma falsa segurança, mas dificulta ou limita suas possibilidades de escutar, ver e compreender o vivido desse sujeito (CARDOSO, 1985). Esperidião e Fratus (2004) sustentam que, em certa medida, isto se refere à falsa ideia de onipotência, de ser capaz de “curar” e de ser inabalável frente ao sofrimento, de ser uma pessoa “bem resolvida” em todas as áreas da vida. De acordo com Bleger (1975 apud CARDOSO, 1985), esta, realmente é uma das profissões que implica em grande sobrecarga de ansiedade, se comparada a outras cujo objeto de trabalho é também uma pessoa que, assim como o profissional, está sujeito a dores, angústias e pesares. Tal percepção é confirmada por Cardoso (2002, p.68), pois considera que a vivência de um processo psicoterápico, mesmo na condição de psicoterapeuta, impõe um contato muito próximo com “... as fragilidades, os medos, as angústias das pessoas, as quais fazem parte da condição humana”. Faz-se necessário, portanto, que o profissional esteja aware das vicissitudes próprias de quem é humano. É possível reconhecer, diante disso, a importância de um compromisso sério, por parte do psicoterapeuta, com sua principal ferramenta de trabalho, que é ele mesmo, recorrendo, sempre que necessário, à psicoterapia pessoal e à supervisão. Frente ao exposto, entende-se a necessidade de empenho e dedicação no cotidiano da prática clínica, que compreende tanto o conhecimento teórico e técnico, quanto à formação pessoal. Com esta proposta tem-se como objetivo demonstrar, de modo vivencial, que o instrumento de trabalho do psicoterapeuta é ele mesmo e como suas pessoalidades e vivencias podem ou não estar a serviço do processo de desenvolvimento e crescimento do cliente, tendo a supervisão como estratégia clínica para aprofundar a leitura que se tem dos processos psicoterapêuticos dos clientes e encontre um lugar seguro para construir e renovar seu auto-suporte, sua identidade. Metodologicamente, o mini-curso se operacionalizará da seguinte forma: 1) Auto-apresentação dos participantes e das expectativas sobre o mini-curso através de dinâmica lúdica, que envolve pintura e desenho; 2) exposição dialogada, através de slides, acerca de aspectos técnicos da supervisão e do supervisionando; 3) Dinâmica condutor-conduzido e discussão das percepções dos participantes acerca da vivencia; 4) Realização de supervisão de 03 (três) casos clínicos trazidos pelos participantes; 5) Finalização com apresentação do vídeo “O Oleiro” e retomada das expectativas, possibilitando integração das experiências vividas no curso. Público-alvo: Psicoterapeutas atuantes sejam iniciantes ou experientes. Modalidade de apresentação: Minicurso

Publicado

2015-12-01