Alberto Caeiro: Poesia Antimetafísica

Autores/as

  • Nivaldo Pereira

Palabras clave:

Poesia Antimetafísica

Resumen

A poesia de Alberto Caeiro é uma exaltação aos sentidos, exaltação de um retorno a naturalidade , enquanto estado de não separação do mundo, perdida por um modo de racionalidade que impede o contato direto com a experiência. Pensar então, para o poeta, é estar doente dos sentidos, afastado da experiência direta. Alberto Caeiro é um outro eu de Fernando Pessoa e como apresenta outro de seus heterônimos, Ricardo Reis, seus poemas são o que viveu e em tudo mais não houve incidentes, nem há histórias. Assim os poemas escritos por este poeta nos diz que a razão de nada serve e a não ser a um estado de sentimento que jamais poderia ser imaginado, pois pensar é deixar passar todas as possibilidades de se apreender à forma como as coisas se apresentam realmente. As coisas são o q ue são, não para serem pensadas. O poeta descobriu o mundo sem pensar nele e dá uma resposta a uma questão fundamental: como captar as coisas sem prendê-las nas teias do racionalismo que sempre estabelece os caminhos da verdade? Em Alberto Caeiro o mundo se faz no não pensar, o fenômeno que envolve a humanidade para não se perder nos significados prontos, pois estes precisa não ser pensado para então expressar sentimentos. Mas esse não pensar é ele mesmo pensado, é um utilizar-se da linguagem para expor os sentidos do que não pode ser dito. Fechar os olhos é perder a capacidade de não entender as coisas, não entender se torna maneira mais significativa de viver, não entender é deixar ser o que se é, é não haver possibilidade para o que não é. Com Alberto Caeiro aparece uma nova perspectiva para a compreensão do humano. Para ele é necessário abrir os olhos e ver, fazer parte do mundo sem ter que pensá-lo.Pois aponta o não entender como possibilida de de aproximação do que há de mais humano. Este trabalho tem por finalidade estabelecer um dialogo, aproximando a obra de Alberto Caeiro, com Heidegger, de modo a situar o sentido do ser esquecido pela tradição metafísica, e com Nietzsche, para estabelecer um fazer poético em retomada dos sentidos, retorno ao corpo que é superior e até anterior ao fenômeno da consciência, a partir de sua filosofia de vida. Em ambos, no que tange a uma crítica a metafísica, como expresso na poesia de Caeiro. A ruptura com a metafísica se faz como uma questão central tanto em Alberto Caeiro quanto em Heidegger. A metafísica consiste em uma ciência especulativa que trata das coisas imateriais, como o ser, Deus e os seres intelectuais feitos a sua imagem. Do grego, é oriunda da junção dos termos ‘meta’, além de, e ‘physis’, correspondendo a natureza. A metafísica então abordaria aquilo que está para além da matéria, pressupondo uma realidade aparente, que se mostra, e uma realidade em si. Heidegger identifi cou uma valorização do racional na tradição metafísica e um desprezo do oposto, o mundo do que aparece aos sentidos e por isso limitou-se na medida em que separa o homem da natureza. Essa separação, quando propõe a metafísica pensar em dois mundos, um real e outro como representação do que seria real, impossível aos sentidos, surge na obra dos dois autores aqui apresentados, como um ponto a ser superado. Com Nietzsche é fundamental situar o corpo, voltando ao ‘physis’, os sentidos que Alberto Caeiro quer recuperar tem morada no corpo que é mais expressivo e apreensível do que a consciência. Agir no mundo não necessitaria de uma tomada de consciência, o corpo é pensador e interpretador, para o filósofo, é criar e em fim ultimo é expressão da vontade de potência. Nessa perspectiva os valores atribuídos as coisas, os conceitos, não são ontológicos, são criações. Com Alberto Caeiro o essencial é saber ver sem estar a pensar, as coisas se apresentam e não pensa-las seria captar como elas realmente são, considerando que as maneiras de se ver sempre estão carregadas de interpretações representativas, seria um retorno as coisas mesmas, elas são o que são e por isso não podem ser pensadas, é como se ao pensa-las tirasse a existência porque a cognição não consegue captar esse fenômeno através do pensamento. Alberto Caeiro rejeita o racional, afirmando que é possível olhar para a realidade da maneira que ela se apresenta. Toda a forma de intelecto, segundo o poeta, reduz as coisas a meros conceitos e as especulações metafísicas precisam ser superadas para que a experiência. Palavra 1: Poesia Palavra 2: Metafísica Palavra 3: Sentidos Modalidade de apresentação: Comunicação/ tema livre Área de concentração: Interdisciplinaridade e novas interfaces (com outras práticas)

Publicado

2015-12-01