O que fazer com o meu coração?

Autores

  • Aline de Amorim
  • andrélia de Guimarães

Palavras-chave:

O que fazer com o meu coração?

Resumo

A escolha do tema “Intimidade Administrada: Como anda o seu coração?” aconteceu a partir de observações clínicas sobre a dificuldade dos nossos clientes para se relacionar intimamente. Na tentativa de trabalhar a temática, pensamos uma vivência que possibilitasse aos participantes refletir sobre a forma como costumam se relacionar a dois. Toda atividade foi pensada a partir da polaridade “controle x entrega”, que percebemos estar presente nas mais diversas formas de relação. Escolhemos a modalidade workshop, pois conforme afirma os Polster (1973), “por meio do experimento o indivíduo é mobilizado para confrontar as emergências de sua vida, operando seus sentimento e ações abortados, numa situação de segurança relativa” (p.238). Acreditamos poder, a partir do experimento, vivenciar a temática de forma didática, mas também viva e presente, em vez de uma experiência meramente descritiva. Segundo Perls (1988), “entre os níveis do pensar e do fazer há um estágio intermediário de fazer de conta na terapia” (p.30). É a partir do fazer de conta, explicitado por Perls, que pretendemos levar os participantes à reflexão sobre a forma como vivenciam seus relacionamentos, e como essa forma está sendo responsável pela qualidade das suas relações. Mesmo vivendo em uma sociedade onde o controle se faz necessário para que seja possível organização, é importante estar atento aos limites desse controle. Em nossa experiência clínica, observamos um ganho na qualidade das relações, quando um dos pares decide abrir mão do controle que acreditava ter. Mas, abrir mão desta crença não é uma mudança tão simples de explorar, podendo significar termos de abrir mão de uma organização de vida já estabelecida, em troca de algo que não há como saber se valerá a pena, a não ser arriscando. De acordo com os Poslter: “A necessidade básica quando se trabalha com polaridades é recuperar o contato entre as forças opostas. Uma vez que o contato entre essas partes seja estabelecido, cada parte da luta pode ser experienciada como um participante válido. Elas podem então tornar-se aliadas na busca comum por uma boa vida, em vez de oponentes difíceis mantendo a separação” (Polster&Polster, 1973:250). Ou seja, abrir mão da crença do controle e experimentar a entrega pode ser o passo que falta para uma relação com mais felicidade. Conquistar uma relação feliz é o sonho de muitos, mas para isso é necessário encontrar o equilíbrio entre os pólos “controle x entrega”. Equilíbrio esse que permitirá aos pares experimentar a relação de forma plena, sem as exigências controladoras da sociedade atual. Conforme Rodrigues (2006), “a entrega somente será possível quando nos confrontarmos com a impossibilidade de controle” (p.153). Ao psicoterapeuta cabe a tarefa de contribuir, com seus questionamentos, experimentos e intervenções, para que o cliente vislumbre um horizonte de novas possibilidades VIVÊNCIA Após a apresentação do tema e da proposta de trabalho, iniciaremos uma sensibilização, para que os participantes possam se envolver de forma prática com o tema. A sensibilização será realizada em círculo, através de comandos e música ambiente durante alguns minutos. Após, será solicitado que cada participante produza uma obra pessoal, a partir dos sentimentos, pensamentos e sensações mobilizados durante a sensibilização. Será oferecido aos participantes material adequado (papéis diversos, cola, tesoura, tecido, lápis diversos, flores, tintas, sucatas, etc) e tempo para produção da obra. Após a finalização da obra, será solicitado aos participantes que voltem ao círculo e observem a obra dos outros colegas. Depois, que formem grupos a partir do interesse despertado. Já no grupo, cada um poderá apresentar sua obra individualmente, falando sobre como foi a produção, como se sentiu, o que achou do resultado, etc. Após a apresentação, vamos propor que os participantes flertem e conquistem a obra que despertou seu interesse no grupo. Neste momento, tudo pode acontecer. Obras podem ser entregues, ou não. A forma como as conquistas irão acontecer, ficará a critério dos participantes. Após esse momento, aqueles que não realizarem nenhuma conquista e tiverem interesse, poderão formar um novo grupo e tentar novas conquistas. Após esse momento, quem conquistou a obra de outro participante, poderá realizar mudanças e alterações que achar necessária na obra que recebeu. Depois das modificações, será solicitado aos participantes que retornem ao círculo e exponham a obra. Depois de todo esse processo de conquista, entrega e modificações, convidaremos o grupo a discussão sobre como foi realizar a atividade proposta e compartilhar de que forma observaram semelhança entre a vivência e a forma como se relacionam. Questões para discussão: Como cada um se relaciona? Como recebemos o que o outro nos entrega? Como lidamos com a necessidade do desejo de modificar o que conquistamos? REFERÊNCIAS PERLS, Fritz. A Abordagem Gestáltica e Testemunha Ocular da Terapia. 2ª Edição, Editora LTC, 1988. POLSTER & POLSTER, Erving e Miriam. Gestalt Terapia Integrada. Editora Summus, 1973. RODRIGUES, Joelson Tavares. Terror, Medo, Pânico – Manifestações da angústia no contemporâneo. Editora 7 Letras, 2006. Modalidade de apresentação: Workshop

Publicado

2015-12-01