: Gestalt-terapia e Saúde Mental: a direção de trabalho em um CAPSi

Autores

  • Pedro Garcia Faillace

Palavras-chave:

SAÚDE MENTAL

Resumo

De acordo com a apostila “Caminhos para uma política de saúde mental infanto-juvenil” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005), cerca de 20% da população de crianças e adolescentes sofrem de transtornos mentais. Desses, 4% necessitam de cuidado intensivo. Assim, o Ministério da Saúde busca uma nova Política de Saúde Mental para atender essa população, corrigindo o tratamento ausente ou inadequado praticado com o exilamento e institucionalização vigente até a Reforma Antimanicomial. Como é essa nova forma de trabalho? E como o Gestalt-terapeuta pode se inserir nessa nova ordem? Essa nova política adota como ideia principal o princípio de que a criança ou adolescente a ser cuidado é um sujeito, um indivíduo singular e responsável por sua demanda, por seu sofrimento e, portanto, um sujeito de direitos. Entre esses direitos está o de direito de cuidado. Cuidado singular e diferenciado, já que busca-se respeitar a singularidade de cada indivíduo. Esse cuidado vai ser balizado por alguns princípios fixados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), como o de acolhimento universal e implicado, onde é garantido o atendimento à todos aqueles que buscam ajuda e torna o acolhedor o responsável pelo acompanhamento e encaminhamento adequado para cada caso. À esses, seguem-se os conceitos de atuação territorializada e intersetorial. Desta maneira, os técnicos de saúde que trabalham no CAPSi (Centro de Atenção Psicossocial Infanto-juvenil), dispositivo indicado pelo SUS principal responsável pela formação da rede de saúde, irão atuar não só dentro deste espaço. Ele irá atuar, também, no território daquele que busca ajuda, utilizando de outros dispositivos próximos ao seu meio, desenvolvendo uma rede de parcerias para o desenvolvimento de meio de tratamento e prevenção mais eficientes. Isso tem como consequência a possibilidade do tratamento nem sempre acontecer da forma comum ao ensinado nas diferentes abordagens teóricas, um terapeuta e um paciente em um consultório. A compreensão da criança e do adolescente como indivíduos responsáveis e capazes de dizerem sobre si mesmo e seu sofrimento não é estranha à Gestalterapia (AGUIAR, 2005; OAKLANDER, 1980). Da mesma maneira, o conceito de trabalho territorializado pode ser de fácil compreensão para uma abordagem que inclui a noção do funcionamento do indivíduo como uma relação organismo/ambiente e da importância dos elementos de um campo para o funcionamento do todo (PERLS, HEFFERLINE & GOODMAN, 1997; YONTEF, 1998). Assim, pode-se concluir que o Gestal-terapeuta bem instruído e conhecedor de sua abordagem não encontrará muitas dificuldades em se inserir nesses princípios da Saúde Mental infanto-juvenil. Referências Bibliográficas AGUIAR, Luciana. Gestalt-terapia com crianças: teoria e prática. Campinas: Livro Pleno, 2005. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Caminhos para uma política de saúde mental infanto-juvenil. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2005. Disponível em:http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/caminhos_infantojuv.pdf OAKL ANDER, Violet. Descobrindo crianças: a abordagem gestáltica com crianças e adolescentes. São Paulo : Summus, 1980. PERLS, Frederick, HEFFERLINE, Ralph & GOODMAN, Paul. Gestal-Terapia. São Paulo: Summus, 1997. YONTEF, Gary. Processo, Diálogo e Awareness: ensaios em Gestalt Terapia. São Paulo : Summus, 1998. Palavra 1: Saúde Mental Palavra 2: Infanto-juvenil Palavra 3: CAPSi Modalidade de apresentação: Comunicação/ tema livre Área de concentração: Interdisciplinaridade e novas interfaces (com outras práticas).

Publicado

2015-12-01