Criar e Recriar a Clínica Juvenil: compreensão e pratica a partir da Teoria do Self

Autores

  • Maria Teresa Mandelli

Palavras-chave:

clinica juvenil

Resumo

O trabalho proposto visa apresentar as formas de ajustamentos e as diferentes possibilidades de intervenções na clínica juvenil através da leitura da Teoria do Self. Em Gestalt Terapia não compartilhamos com a teoria de desenvolvimento clássica, que pensa a adolescência como fase, ou etapa. Defendemos uma postura fenomenológica, que a partir da análise do campo relacional, compreendemos as diferentes maneiras dos jovens ajustarem-se, o que em Gestalt Terapia chamamos de ajustamentos criadores. Visar a juventude como forma de ajustamento, nos ajuda a fortalecer o movimento de desnaturalização da adolescência, e sob este olhar nos distanciamos, ou ao menos, tentamos, nos afastar da visão médica, ou curativa, que visa a adolescência e su as manifestações comportamentais como algo a ser tratado ou controlado. A adolescência nesta perspectiva clássica é compreendida através de quadros comportamentais naturalizados tais como instabilidade de humor, rebeldia e agressividade. Ao defender uma perspectiva fenomenológica de compreensão dos ajustamentos juvenis não estamos desconsiderando tais atos ou comportamentos, nem tão pouco desconsiderando que neste momento de vida somos arrebatados por aquilo que chamamos de puberdade, mas olharmos estas transformações comportamentais como tentativas de criar ou recriar a função personalidade que está vulnerável e assim, entendemos a adolescência como formas de inclusão ético, política e antropológica. Se na adolescência a função personalidade está vulnerável, os jovens vivenciam uma experiência de exclusão e diante desta exclusão tentam incluir-se de diferentes formas, fazendo ajustamentos políticos (neurose, perversão, banalidade) e ou ajustam entos éticos (busca). Na teoria do self podemos dizer que a função personalidade é a função do espelho, das representações antropológicas, as possibilidades de identificar-se passivamente com aquilo que faz sentido para o outro social. Mas na adolescência, o jovem está rompendo com os modelos familiares, e como falamos de uma relação de campo, o próprio outro social os exclui, estampando uma vivencia repleta de ambiguidades (não sou mais criança e tão pouco sou adulto, afinal quem sou?). Neste momento o jovem declina das identificações da infância e se não fosse bastante é demandado a responsabilizar-se por suas novas identificações. Por um lado, fazem um pedido de ajuda e por outro, necessitam encontrar um novo suporte para continuar criando. É como se na adolescência se instalasse um conflito entre seus excitamentos e a alienação diante do outro social e a partir deste conflito os jovens se ajustam de diferentes formas. Como na clínica juvenil encontramos diferentes formas de ajustamentos, as formas de intervenção também acompanham tal dinâmica, sob os três pontos de vista, ético, político e antropológico, realizando trabalhos em diferentes campos, além da clínica privada, nas escolas, nos projetos de políticas públicas e com os familiares que assim como os adolescentes também encontram-se perdidos e sem dados para lidar com um filho adolescente. Público-alvo: Gestalt terapeutas, psicólogos e pedagogos que atuam com adolescentes na clínica, escolas e ou com projetos de políticas públicas ou ONGs. Modalidade de apresentação: Minicurso

Publicado

2015-12-01