SINOPSE
As ciências cognitivas formam hoje um complexo de
disciplinas que participam de uma renovação radical de nossas
maneiras de pensar o conhecimento humano. Essa efervescência
intelectual tem sua origem na década de 1940, com um pequeno grupo
de neurobiólogos, matemáticos e engenheiros, depois enriquecido com
a colaboração de psicanalistas, antropólogos e economistas.
Jean-Pierre Dupuy retrata aqui essa história até seus últimos
passos.
ORELHAS
As ciências cognitivas compreendem um amplo
espectro de interesses científicos. Estendem um arco que vai desde
as preocupações da Filosofia da Mente até a inteligência artificial.
Recolhendo subsídios das neurociências, da psicologia, da filosofia,
da lingüística e da cibernética, entre outras, as ciências
cognitivas formam um conjunto de disciplinas que vêm provocando uma
renovação radical nos nossos padrões usuais de conceber e pensar o
conhecimento e o saber humanos. Essa verdadeira ebulição intelectual
ainda é pouco conhecida e o principal propósito deste livro é o de
fornecer algumas informações básicas a seu respeito. As preocupações
que ocupam essa nova interciência nasceram nos EUA, nos anos 40, no
interior de uma pequena comunidade de neurobiólogos, matemáticos e
engenheiros, aos quais se juntaram, a seguir, psicólogos,
antropólogos e economistas. Jean-Pierre Dupuy traça aqui essa
história, desde seus inícios, incertos e vacilantes, até a
constituição do que denomina “as ciências contemporâneas do
espírito”. Destacam-se, em particular, confrontos interdisciplinares
que tiveram lugar no interior das famosas CONFERÊNCIAS MACY, nas
quais se distinguiam especialmente John von Neumann, Norbert Wiener,
Warren McCullich, Arturo Rosenblueth, heinz von Foerster, Ross
Ashby, Leonard Savage, Gregory Bateson e margaret Mead.
Reconstitui-se, assim, a extraordinária riqueza e audácia desses
diálogos entre personalidades tão eminentes e oriundas de domínios
tão diversos, como também são delineados todos os passos seguintes
que resultaram no estágio atual das ciências cognitivas. O Autor
mostra também como a revolução provocada pelas novas ciências da
mente, a partir da cibernética, realiza uma verdadeira desconstrução
da tradicional metafísica da subjetividade, que vai muito mais longe
do que o longo percurso filosófico que adotou esse nome.
4ª
CAPA: “Organizadas pela fundação filantrópica JOSIAH MACY, entraram
na história com o nome de CONFERÊNCIAS MACY. Os membros desse clube
fechado – matemáticos, engenheiros, fisiologistas,
neurofisiologistas, psicólogos, antropólogos – tinham como ambição
edificar uma ciência geral do funcionamento da mente. O que os
levava até lá, o que pensaram juntos, o que resultou desse
empreendimento coletivo, único na história das idéias, eis o objeto
deste livro.”
SOBRE O AUTOR: JEAN-PIERRE DUPUY – filósofo,
dirige o Centre de Recherche en Épistémologie Appliquée (CREA), da
Escola Politécnica de Paris, onde é também professor. É diretor de
pesquisas do CNRS, professor visitante da Universidade de Standford
(Califórnia) e autor de numerosas obras, entre as quais, Le
sacrifice et l’envie (Calmann-Lévy) e Introduction aux sciences
sociales (Ellipses), ambas de 1992.
SUMÁRIO
Prefácio
Capítulo 1
O fascínio pelo
modelo
A virtude dos modelos; Manipular representações; A máquina
de Turing; Conhecer, ou seja, simular
Capítulo 2
Uma parenta
mal-amada
Uma “scienza nuova”?; Mecanizar o humano; Cérebro /
mente / máquina; Os neurônios de McCulloch; Conexionismo versus
cognitivismo; A máquina de von Neumann
Capítulo 3
Os limites
da interdisciplinaridade
As Conferências Macy; Os “cibernéticos”
em discussão; Unificar o trabalho da mente; A tentação
fisicalista
Capítulo 4
Filosofia e cognição
Naturalizar a
epistemologia; O obstáculo da intencionalidade; Brentano traído; O
encontro frustrado com a fenomenologia; Uma filosofia da mente sem
sujeito; McCulloch versus Wiener
Capítulo 5
Os temas
cibernéticos: informação, totalização, complexidade
Informação e
fisicalismo; A informação: entre a forma, o acaso e o sentido;
Cooperação e cognição; As totalidades cibernéticas; Sistema e
autonomia; Interferências na noção de modelo, ou o vírus da
complexidade
Capítulo 6
Aspectos de uma decepção
A
aprendizagem da complexidade; O “caso Ashby”, ou o retorno à
metafísica; Os processos sem sujeito; O encontro frustrado com as
ciências do homem
Índice remissivo