GESTALT TERAPIA HOJE
Selma Ciornai, Ph.D
Congresso Internacional
de Gestalt Terapia, Querétaro, México, 2005
Palestra Plenária
publicado em sua versão original em
espanhol na revista "Figura-Fondo ",
publicação do Instituto Humanista de Psicoterapia Gestalt, México
D.F.
O tema
desta palestra é Gestalt terapia hoje, e como meu olhar passa por quem sou,
apesar dos vários contatos que tive com a Gestalt terapia através de congressos
e publicações internacionais, sem dúvida o que vou falar passa pela perspectiva
de uma Gestalt terapeuta latino
americana.
Escolhi
começar esta apresentação com uma metáfora, um conto, pois uma das
características que mais me encantou na Gestalt terapia quando a conheci nos
anos 70, foi seu caráter vivencial – e por favor, com isto não estou dizendo
que a Gestalt é só vivencial :- )) Reconhecendo como Edgar Morin “que o ser
humano é sempre habitado pelos itinerários racional-lógico-dedutivo assim como
pelo mítico-mágico-imaginário” (Carvalho, 2000, p.11) trago este conto como uma metáfora, e como todos os contos, peço
que não o escutem só com o ouvido do cérebro racional :
PÁRABOLA DOS POTES DE BARRO
Haviam dois grandes e belos potes de barro que conversavam entre
si no canto de um quintal:
- Ah..., que tédio, que vida! Viver aqui, exposto a tudo, sol,
vento, chuva, calor... Por mais que eu
me proteja, como sobreviverei? Aqui
estou perfeitamente tampado, lacrado para proteger-me e ainda assim sinto-me
ameaçado, vazio. Não vejo graça em
estar aqui...
O outro pote tranqüilamente respondeu:
- Cai a chuva e eu a recebo.
Vem o vento e eu o sinto bem dentro de mim. Vem o sol e me leva as gotas que retornam para o céu. E nem por isso sinto-me ameaçado...
- Ora, grande vantagem ! Seu interior não guarda mais a cor
original como o meu, sua cor vai ficando cada dia mais diferente. Você não é mais o mesmo...
- Sim (respondeu o outro) e isso me alegra! Meu interior transforma-se a cada dia, à
medida que novas coisas me penetram.
Posso sentir cada criatura que me visita e cada uma delas deixa algo de
si para mim, assim como deixo para
elas, pouco a pouco, a minha cor.
- É , mas você não tem mais paz!
A todo instante você é solicitado, carregam você todo o dia para levar
água, ao passo que eu permaneço no meu lugar.
Ninguém me incomoda. Quando se
aproximam, já sei que é a você que eles querem.
- Sim, se me solicitam é porque tenho algo a dar, e o que dôo não
é diferente do que você pode dar. Deixo-me encher pela água da chuva, que cai
tanto sobre mim como sobre você.
Encho-me até transbordar. Outros
seres precisam desta água e eu os sirvo.
Esvazio-me e deixo-me encher de novo.
Assim minha vida é um constante dar e receber. Enquanto isso desinstalo-me, saio do meu pequeno mundo e vou ao
encontro de outros mundos. Já conheci
potes diversos, animais, pessoas, tantas coisas e seres... E cada um faz-me
perceber ainda mais o pote que sou.
- Não sei, mas se você continuar assim, brevemente será um pote
quebrado, gasto, e então, de que adiantará tudo isto?
- Creio que se me desgasto a cada dia é para ser possível levar a
vida a outros seres. Vejo que o mais
importante não é ser um pote intacto tal como fui feito, mas um pote de valor
no qual estou me tornando. Se vou durar
pouco tempo, não importa; se o pouco tempo que eu viver trouxer-me alegrias e fizer-me sentir cada vez mais o
que é ser pote, isso me basta.....
Já era tarde, o sol já havia se escondido quando os dois se
cansaram de falar. O pote aberto,
sentindo-se cansado, logo adormeceu, o que não foi possível para o outro
pote. Ele não conseguira dormir, pois
algumas palavras ditas pelo companheiro vinham-lhe à mente e não o deixavam em
paz.
Transformar o interior! Paz! Esvaziar-se! Deixar-se encher!
Deixar algo de si! Ser pote! Desinstalar-se! Sair de seu pequeno mundo! Ser
feliz! Ser útil! Levar alegria! Humildade! Paciência! Mansidão!
* * *
Na manhã seguinte, enquanto um pote acordava, o outro dormia,
porque fora grande o seu esforço para tirar a tampa que o acompanhava há tanto
tempo.
Do Livro “ As mais belas Parábolas de todos os tempos” de Alexandre
Rangel
Então... a Gestalt terapia hoje.... de que forma se
assemelha mais ao cântaro aberto e ao fechado?
Será que após o boom da Gestalt nos anos 60, 70, após as ondas de
sucesso que a Gestalt teve na época de contracultura, após a onda de namoro
nos anos 80 com as teorias analíticas (teorias das relações objetais, Kohut
etc) ou esotéricas ( como a escola de
Naranjo) , apesar da Gestalt inicialmente ter se nutrido e relacionado com os
movimentos mais avant-gard na sociologia, filosofia, arte, ciências humanas
etc, tanto na Alemanha como posteriormente nos EUA, sem falar de Israel e Japão, acabamos nos fechando
demais ?
Em alguns congressos em que participei nos
EUA e no Canadá, onde, ao contrário dos congressos de Gestalt que participei no
Brasil e na Argentina, há uma presença
bem menor de participantes, e
uma presença majoritária de pessoas más velhas, pertencentes à primeira
e segunda geração de gestalt terapeutas, ouvi com freqüência os mesmos lamentos: “tiraram o capitulo sobre Gestalt
do livro de teorias psicoterápicas do fulano de tal”, “não nos incluem nos currículos universitários”, “ abordagens
psicanalistas e outras tomam conceitos e princípios básicos da abordagem
Gestáltica mas não reconhecem” etc etc etc
Então
pergunto : o que aconteceu ? A Gestalt
Terapia “já era”? Fechou-se sobre si mesma, como o cântaro coberto?
Escolho
tecer algumas considerações sobre estes temas no sentido mais de provocar
questionamentos e reflexões conjuntas a nós, enquanto comunidade, do que
propriamente de chegar a respostas definitivas – pois, tangenciando este tema, 3 questões mais amplas se colocam e
que nos dizem respeito de forma crucial enquanto Gestalt terapeutas:
1) A Gestalt terapia hoje, ainda é vista como uma abordagem de
vanguarda?
2) É uma perspectiva psicoterápica valiosa à contemporaneidade? E
quando digo valiosa refiro-me tanto ao seu arcabouço teórico quanto à sua
prática; quer dizer, frente aos graves problemas que enfrentamos
individualmente e enquanto comunidade humana, na atualidade, e, especificamente,
na América Latina, temos contribuições valiosas a dar ?
3) E finalmente, a visão de mundo e de ser humano que deu origem à
Gestalt terapia nos anos 50, e 60,
i,e., final da era moderna, ainda é válida hoje em dia em nesta desnorteante
pós-modernidade?
Creio serem
estas questões importantes de considerar frente ao tema que me foi proposto, Gestalt
terapia Hoje , questões que desejo
focalizar nesta oportunidade.
Então
focalizo a 1ª questão : A GT é ainda vista como uma abordagem de vanguarda? E quando digo “vista” não me refiro
evidentemente à imagem que temos de nós mesmos, mas a como nos percebem.
E o que
tenho percebido, pelo menos no Brasil,
é que outras correntes têm
tomado o lugar de vanguarda e de terapia da nova era que a Gestalt ocupou nos anos 60. A mais forte pelo menos a meu
ver talvez seja a Psicologia Transpessoal e as correntes que procuram integrar
a dimensão da espiritualidade à prática clínica, por focarem não uma corrente
religiosa específica, mas o que vai além do pessoal, aquela dimensão humana que
transcende nossa pessoalidade, nossa individualidade. Aquela dimensão do humano
onde “ampliamos nossas fronteiras
pessoais para perceber a unidade de todas as coisas, nos redescobrindo como
manifestação da energia universal, percebendo nossas ligações com os outros
seres humanos, os animais , a natureza,
os ventos, as estrelas, as marés, ampliando nosso sentido de
fronteiras”, nossa awareness e nossos
sentidos para uma paradigma de relações
humanas que transcende a conhecida frase, “eu sou eu e
você é você, se nos encontramos ótimo, se não nada há a fazer”, mas que se
estende para a perspectiva de que “eu
sou eu mas também sou tu, e tu és tu mas tu também sois eu” (Ciornai 1991).
Aliás, em
1969 época em que a contracultura vicejava e a Gestalt terapia estava em sua
época áurea, Theodore Roszak , um dos escritores que melhor analisou estes
movimentos escreveu : “a Gestalt
terapia, com sua noção de holismo, faz
um esforço para integrar a tradição psicanalítica com a sensibilidade do
misticismo oriental,” ironicamente acrescentando que a Gestalt terapia lhe parecia ser “ fundamentalmente uma
espécie de Taoísmo disfarçado de maneira incômoda em psiquiatria ocidental”
(1969, VI).
No entanto,
esta dimensão, apesar de absolutamente consistente e coerente com a perspectiva
sistêmica e de campo que fundamenta nossa abordagem, pouco tem se feito
presente nas últimas décadas na Gestalt terapia, que se desenvolveu
prioritariamente por outras avenidas.
Digo
“pouco” pois alguns Gestalt terapeutas têm explorado esta dimensão de formas
diversas, integrando-a à abordagem Gestáltica. Que eu tenha conhecimento, na
Argentina, Norberto Levy e Marcela Miguens, que estudou com ele, assim como
Graciela Cohen, têm trabalhado e escrito dentro da abordagem da Psicologia
Transpersonal; no Uruguay Alejandro Spangenberg e no Brasil Jorge Ponciano Ribeiro, um dos Gestalt
terapeutas mais conhecidos no Brasil, autor de vários livros e que está aqui
conosco, tem abordado ultimamente o tema em cursos e palestras. Aliás, ele e
Alejandro deram juntos em setembro do
ano passado, um curso intensivo intitulado “A Dimensão Espiritual na Psicologia
e na Gestalt: Transcendência e
Espiritualidade.”
Porém, se
alguns Gestalt terapeutas têm inserido esta perspectiva em seus trabalhos, pelo
menos no Brasil isso não tem feito com que a Gestalt ganhe maior visibilidade
em congressos sobre o tema , ou entre
pessoas interessadas nestas questões.– e um dos fatores que, acredito,
contribuem para isso é que Gestaltistas não soem freqüentar de forma
significativa congressos que não os de Gestalt. Nossos “cântaros de barro”, não
costumam sair muito de seus mundo para trocar e apresentar-se em outros âmbitos
;-))
Talvez
recém agora estejamos percebendo a importância de contar mais ao mundo quem
somos, o que e como fazemos. Talvez
devamos ter um papel mais ativo em nos fazer visíveis e não só ficar esperando
que nos procurem....
Voltando a
questão das abordagens que estão sendo consideradas “de vanguarda” no momento, pelo
menos na minha ótica, e no meu país, uma outra corrente que tem sido
reconhecida como vanguarda no Brasil é a da Terapia Comunitária, que
traz uma preocupação política e social que , apesar de presente de forma
marcante nos escritos de nossos fundadores, esvaneceu do cenários Gestáltico
principalmente nas décadas de 80, 90, quando, assim como outras abordagens, de
certa forma abandonamos o projeto “socio-lógico” da Gestalt e nos voltamos
quase que exclusivamente para o “psico-lógico”, ie., para processos individuais
de auto conhecimento, para os meandros
da interioridade e da intimidade psíquica de cada um, para a
preocupação com diagnóstico e patologias.
Assim, interessantemente vejo reaparecer com outro nome, e em outra
vertente terapêutica, uma preocupação social que sempre fez parte da minha vida
e que originalmente me encantou nos escritos fundadores da Gestalt terapia.
Quero
contar-lhes um pouco desta corrente terapêutica, apesar de que meu contato com
ela até agora foi pouco, apenas li alguns artigos e assisti a duas sessões
coletivas – mas nestas reconheci vários elementos bastante familiares e
característicos do trabalho gestáltico com
grupos , citados em textos conhecidos como o capítulo sobre trabalho com
grupos de Joseph Zinker em seu livro
“Processos Criativos em Gestalt Terapia”, publicado em 1978, ou nos de
Elaine Kepner e Ruth Ronall que se tornaram referência para quem
trabalha com a abordagem gestáltica em grupos
a partir dos anos 80.
A Terapia
comunitária foi criada por Adalberto
Barreto, psiquiatra do Nordeste brasileiro, professor de Medicina Social da
Universidade Federal do Ceará, que recebia no Hospital da Universidade
moradores da favela de Pirambú, uma das maiores favelas brasileiras com uma população estimada de 250.000 pessoas. Quando o número de pessoas
chegadas do Pirambú começou a aumentar
a ponto de tornar inviável continuar o trabalho, decidiu transferir seu
trabalho do hospital para a própria comunidade.
A Terapia
Comunitária é basicamente “um instrumento que permite construir redes
solidárias de promoção de vida, mobilizando os recursos e as competências dos
indivíduos, das famílias e das comunidades.” (Barreto, 2005). Procura suscitar a dimensão terapêutica do
próprio grupo, valorizando sua herança
cultural, bem como o saber produzido pela experiência de vida de cada um .
Enquanto
outros modelos psi centram suas atenções na patologia, nas relações individuais
privadas, esta abordagem se propõe a cuidar da saúde comunitária em espaços
públicos, valorizando a prevenção e
estimulando o grupo a usar sua criatividade e seus próprios recursos “na
construção de seu próprio presente e seu futuro” (Barreto 2005).
A Terapia
Comunitária direciona sua atenção à problemas comuns como medos, separações,
drogas, estresse, violência, depressão, conflitos, inseguranças, entendendo que
a superação destes problemas não pode ser obra de um indivíduo, mas de um
coletivo, de uma comunidade. Estimula assim a co-responsabilidade na
criação de soluções, enfatizando não a carência e as deficiências—o que leva a
um trabalho de cunho assistencialista – , mas a formação de vínculos solidários
e a descoberta das competências
da comunidade, estimulando sua capacidade de resiliência. Neste sentido, é um
poderoso “instrumento de agregação e inserção social” funcionando também como
um “escudo protetor para os mais vulneráveis” (Barreto 2005).
Procura
também romper com o isolamento entre “saber científico” e “popular”, fazendo um
esforço de exigir respeito mútuo entre as duas formas de saber, em uma
perspectiva complementar.
Terapeutas
comunitários compreendem que “muitos problemas e condições de sofrimento
decorrem dos contextos de desigualdade social , discriminação, preconceitos , pobreza,
falta de acesso a recursos de atenção à saúde, educação e promoção de bem
estar” (Grandesso, 2003, p.1) . Isto em si não nos é novidade, assim como
também não nos é novidade a orientação a
falar sempre na primeira pessoa e não julgar , extraída, imagino, da postura fenomenológica em terapia que
embasa nossa abordagem.
Mas “tirar
a terapia dos consultórios, abrir as portas
do setting terapêutico e levar a terapia para espaços abertos e
públicos” (Grandesso, 2004, p.2),
colocando 50, 100 pessoas juntas e desenvolver um trabalhos terapêuticos
com estes grupo, promovendo a formação
de redes sociais, promovendo o reconhecimento e legitimação de suas competências e criatividade, sem dúvida é,
e fortalece a auto estima, a
capacidade de resiliência e o empoderamento grupal (empowerment) (Grandesso
2003, p.2) , pois não só a dor de um ativa o reconhecimento de dores
semelhantes nos outros, como o reconhecimento das competências dos outros ajuda
com que cada um reconheça e nomeie suas próprias competências. E isso ajuda o
resgate da dignidade e da crença de que “amanhã pode de fato ser um novo dia”.
(Grandesso, 2003, p.7-8).
A sessão de
terapia comunitária implica em etapas(acolhimento, escolha do tema, etc) e
estimula uma postura de acolhimento, sensibilidade para a escuta e respeito
pelo sofrimento do outro, desenvolvimento de uma atitude generosa no dar , o
aprender a receber, a criação de uma atmosfera amorosa de legitimação das
diferenças e reconhecimento das competências que cada um tem. Apoia-se entre outros na Pedagogia da
Libertação de Paulo Freire, “que ressaltava a importância da vivência solidária
nas relações sociais” (Grandesso 2003, p.5) e, imagino também, nas práticas comunitárias da Teologia da
Libertação, muito comuns em nosso pais.
É uma
abordagem terapêutica com princípios muito semelhantes ao da da “Razologia” de Roberto Vargas (1979, 1981, 1987) , psicólogo e ativista
chicano que conheci quando trabalhei no comunitária “Clínica de la Raza” em
Oakland, California no início dos anos 80. Também a Razalogia enfatizava a necessidade de gerar
conhecimento das experiências vividas, validando este conhecimento e ajudando a
criar redes de solidariedade comunitárias que ampliam o poder grupal de
crescimento e ação coletiva. Trabalhando basicamente com imigrantes latinos, e
baseando-se no conceito do “Não” internalizado “no quiero”(a mi, a mi gente) , “no tengo” (lo
que los otros tienen) , “no valgo” (como
los otros) , “no puedo”( lo que los
otros pueden); “no soy”(lo que los
otros son) que se generaliza para
un “no
queremos”, “no valemos”, “no podemos”, “no tenemos” y “no somos”
-- en relação a toda a comunidade ,
Vargas defendia um trabalho terapêutico comunitário que tivesse como
norte a transformação deste não internalizado em um “si tenemos”,
“si podemos”, “si valemos”, “si somos”.
Participei
ativamente em vários de seus grupos, “”Oficinas de Conoscimiento” e sei que
este trabalho foi levado com sucesso para o Suécia, para o trabalho com grupos
de imigrantes.
Assim, esta
é outra vertente terapêutica de vanguarda que no momento está “na crista da onda” no Brasil, respondendo ,
me parece à necessidades sociais prementes de um povo que com uma história de opressão, abuso e submissão,
vive questões sociais agudas de fome, desemprego, exclusão e
violência.
De fato os
clientes que nos procuram sofrem de incerteza, medo, solidão, relatando
contatos freqüentemente marcados por intolerância, irritação e competitividade, mas principalmente talvez, por uma
forte sensação de desamparo social, de
falta de relações e redes
suporte. Ao chegarem ao consultório não querem mais confrontos; procuram
o acolhimento de um outro, procuram encontrar na relação terapêutica aquilo que
lhes falta na vida: suporte.
E isso me
leva à segunda e à terceira questão que coloquei :
A Gestalt
Terapia é uma perspectiva psicoterápica
valiosa à contemporaneidade? A visão de mundo e de ser humano que deu origem à
Gestalt terapia nos anos 50, e 60,
i,e., final da era moderna, ainda é válida hoje em dia nesta desnorteante
pós-modernidade?
Chama-se
Modernidade ao modo de pensar e aos paradigmas de pensamento que regeram os
últimos séculos. Se inicia no Renascimento e está caracterizada pela crença de
que só a razão e a ciência conduziriam
o ser humano à compreensão do mundo , à verdade e ao progresso (Lyotard
1998, Santos, 1986, Subirats 1986, Vinacour, 1995). No nível social, foi a
época do surgimento da noção de indivíduo nas ciências humanas , junto com um
decorrente corolário : o individualismo.
Morin (1968/1988),
ao escrever sobre as mudanças de paradigmas norteadores de uma época, da mesma
forma que Kuhn (1962/1970) ao descrever a estrutura das revoluções científicas,
aponta a importância das “brechas” e dos “desvios” que concomitante aos
paradigmas dominantes de uma ciência ou uma civilização, se desenvolvem “nas
margens”, ou em algumas de suas “dobras”, crescendo eventualmente em
importância a ponto de tornarem-se os novos paradigmas norteadores desta
ciência ou civilização .
Olhando em
retrospectiva, podemos ver que apesar de que esta “brecha” começa a surgir no
final da primeira guerra nos círculos artísticos e culturais (Ciornai 2001), os
movimentos de contracultura nos Estados
Unidos e Europa dos anos 60 e 70 , que incluem o movimento feminista, assim
como alguns movimentos de esquerda latino americanos , foram os primeiros
movimentos de caráter social a denunciar a crise da modernidade (Vinacour
1995).
A Gestalt
terapia nasce no bojo desta brecha e Jean Marie Robine (2004) em seu último
livro, sugere que reler “Gestalt terapia” com meio século de distância, nos faz
ver e identificar certas contradições provenientes de ter sido este um livro
publicado nos anos 50, auge da
modernidade. Segundo este autor, à medida em que nos familiarizamos com esta
obra fundadora, algumas áreas de desconforto começam a surgir, pois Gestalt Terapia, publicada em 1951,
guarda numerosas referências a este modo de pensar : “o self considerado a
partir de estruturas parciais, a importância dada à responsabilidade e autonomia
do sujeito ( ....) os apoios, mesmo que
críticos nas referencias Freudianas e
Reichianas”, a noção de self como
fundamentalmente separado e pertencente ao âmbito do intrapsíquico e a noção de self support em sintonia com o mito americano do “self
made man,” ao mesmo tempo em que dá um
salto qualitativo fundamental para outro paradigma como por ex na noção de self como existente onde há
contato, como o organizador das experiências de campo, um self deslocalizado,
decentrado e temporalizado (Robine 2004, p. 36) .
Wheeler
(2000) também considera que este paradigma está sendo desconstruído e revisto,
apontando o movimento ecológico, o interesse crescente nas tradições orientais,
o movimento feminista e os movimentos transpessoais como sinais deste espírito
de revisão de paradigmas. Segundo ele, esta vertente individualista apoia-se na pressuposição de que a
separação, a autonomia e mesmo o isolamento é a base da experiência , enquanto
que conexão e comunidade são secundários à satisfação e integração individual.
Aliás, também Wheeler aponta a presença destes dois paradigmas coexistindo no
livro de Perls, Hefferline e Goodman. Segundo ele: “o modelo de processo
Gestáltico oferece uma perspectiva que
consegue olhar o comportamento e a experiência tanto em termos de dinâmicas e
questões individuais -- como uma das psicologias profundas , de uma perspectiva social, contextual
sistêmica, ou ambas.” Da mesma forma, diz ele, “este modelo nos oferece
flexibilidade de olhar a experiência “de fora”, objetivamente, na tradição
individualista do modelo do qual deriva, ou “de dentro”, subjetivamente,
fenomenologicamente, o que muda
totalmente a noção do que é o self e o que deve ser o trabalho clínico com
pessoas” (Wheeler 2000) .
Desta
forma, diz ele, o novo modelo
“contextualiza e contém o velho
paradigma, tornando-o não “o caminho”, mas “um caminho” , válido sob certas
circunstâncias, da mesma forma que as teorias da relatividade e a teoria do
caos contém os modelos da física Newtoniana. ”
Outro salto
importante em termos paradigmáticos sobre o qual tem-se escrito bastante
ultimamente é o da analise do indivíduo e suas patologias, ciclos e
interrupções de contato etc , vis-à-vis
a noção de campo e de contato.
Contato, de acordo com Perls, Hefferline e Goodman, é a realidade simples básica em nossa
relação com o mundo. Contatar é a interação que ocorre na fronteira
organismo-meio -- ; a atividade e o
próprio funcionamento desta fronteira. Como todos sabem, o conceito de
fronteira em GT não se refere à uma fronteira “concreta” que “separa” o organismo do meio, mas indica
uma função simbólica e dinâmica, que limita, protege e possibilita o
contato, alterando-se e modificando-se metaforicamente em termos de
permeabilidade, densidade, rigidez, nitidez etc.
Em um parágrafo no capítulo “a Estrutura de Crescimento”, Perls, Hefferline e Goodman (1951)
explicitam sua compreensão de contato da seguinte forma: “Compreendamos
contatar, awareness e resposta motora no sentido mais amplo, que inclui apetite
e rejeição, aproximação e evitação, sentir, manipular, estimar, comunicar,
combater, etc—ou seja, todo tipo de relação viva que ocorre na fronteira na
interação do organismo com o meio” (p.229)
, desdobrando a compreensão deste conceito para as “funções de contato” e
para a afirmação de que contato é sempre com o novo, sempre
um processo de ajustamento criativo organismo-campo (p.230).
Continuando a leitura do capítulo em questão, leio que, segundo
estes autores “estes processos,
resultam em assimilação, crescimento e na formação de figuras de
interesse no contexto do campo organismo/meio:
energizadas, pragnantes, e nítidas,
ou confusas, opacas e desenergetizadas, quando o campo como um todo
não consegue prover recursos para a completude
da figura”(p.232).
A frase é interessante, e ao relê-la dois aspectos me chamaram a
atenção. Percebo mais uma vez que apesar de na teoria mais básica da Gestalt
falar-se sempre em campo organismo/meio, na prática, Gestalt terapeutas têm
considerado os ciclos de contato como do indivíduo, das suas
sensações, sua awareness, sua mobilização energética, suas
interrupções de contato. É para os
processos do indivíduo que se volta o olhar do observador destes
processos. No entanto, os processos e movimentos de contato de um indivíduo nunca ocorrem realmente
individualmente, são compartilhados , estimulados ou reprimidos pelos
indivíduos com os quais interage e pelos contextos em que se move; ocorrem
sempre (usando uma diferenciação de Perls Hefferline e Goodman sublinhada por Robine) , não só em um campo (psicossocial
etc) mas são também do campo (Robine,
2004, cap. 4).
Zinker (1994), em “In Search of Good Form” amplia o conceito
de ciclo de contato para uma compreensão de processos inter-relacionais em uma perspectiva
sistêmica, mas, isso não me parece ser uma ampliação suficiente em nossos
referenciais.
Wheeler (2000), no livro Beyond
Individualism, aponta para o paradigma do individualismo, trazendo o pensamento
de campo para o pensar e a prática terapêutica através de experimentos
interativos com o próprio leitor, focalizando sobretudo as experiências de
vergonha , entendida (Lee &Wheeler)
como insuficiente conexão e
suporte de campo. Segundo Wheeler o processo terapêutico deve implicar na
“reversão das condições de campo que
causaram ou ainda causam vergonha”, pois “a chave” para realmente transformar e
inserir uma algo novo nas gestalts cristalizadas, nos velhos ciclos de sentimentos de vergonha, é ficar menos só com eles, vivenciá-los de forma menos solitária, já
que justamente provêem daquelas experiências em que ficamos sós e sem suporte em nossas vidas (p.
245-247).
E é
por meio desta qualidade de presença que o terapeuta poderá restaurar o campo intersubjetivo do
indivíduo que antes se via isolado, transformando assim a experiência de
vergonha em uma experiência de inclusão
e de vínculos de horizontalidade. Para ele portanto o campo do compartido, de
intimidade, é condição essencial para o desenvolvimento do self.
Em sua análise sobre a experiência do
sentimento de vergonha, Wheller e Lee apontam para processos psicológicos que
só podem ser compreendidos a partir de uma
perspectiva de campo . No entanto, para entender processos do campo
precisamos estudar mais, não só o que ocorre com o individuo, mas também com o
campo , integrar mais ao nosso conhecimento e prática compreensões da
sociologia, da antropologia, a ecologia, não basta estudar só psicologia mesmo
com uma perspectiva de campo. É que nem querer entender psicossomática
estudando apenas o lado psicológico da dor, da doença, da patologia.
Necessitamos de uma abordagem transcisciplinar.
O homem dos anos 60 tinha sonhos,
utopias, esperanças. Mas o homem dos anos 90 sente-se vazio e desencantado.
Teóricos do pós modernismo como Lyotard, assinalam a fragmentação da cultura e
do sujeito contemporâneo. Termos como “saturação de informação“ “dessubstancialização do sujeito” (o
indivíduo sente-se vazio), e “desreferencialização do real” (o que é
tido como real passa a não ser mais norteado por referências estáveis) têm sido
usados para descrever a experiência humana nos dias de hoje. O termo “neo-individualismo pós-moderno”,
descreve o sujeito que vive sem ideais
a não ser cultuar sua própria imagem e buscar satisfações
imediatas. Narcisista, consumista e
vazio, ele está no centro da crise de valores pós-moderna (Ferreira dos Santos,
1986, p.30). Não é sem razão que na economia da sociedade de consumo, valores
calcados no prazer de usar bens e serviços faz dos shopping seu templo
favorito.
Vivemos em plena era da informática, dos chips, dos celulares,
dos e-mails, das salas de chat, dos dígitos– Segundo Ferreira dos Santos, “o
bit dígito binário , a base lógica do computador constitui o gargalo por onde o
social está sendo forçado a passar” (1986, p.17). Não exigem decisões
profundas, existenciais, mas respostas rápidas, impulsivas, boas para o
consumo. Tudo é rápido, sim ou não, pontual,
e descartável.
Este é o parâmetro
de contato contemporâneo .
Inclusive nas relações pessoais.
Em
termos socio-economicos, Zygmunt
Bauman, nos seus vários livros
(Globalização, O Mal Estar da Pós-Modernidade, Modernidade e
Ambivalência etc) , ao analisar a época
pós-moderna, a denomina de “Modernidade Líquida”, por ser , ao contrário da era
industrial, uma época em que os bens de marcado são cada vez mais
desterritorializados e desmaterializados, isto é, cada vez mais virtuais. Neste
sentido, o trabalhador também perde sua importância, pois precisa-se cada vez
menos de pessoas para produzir e o desemprego e a insegurança passam a ser um
espectro que assombra a todos. É uma
época vivida como incerta, incontrolável e assustadora. O único personagem que praticantes do
mercado podem e querem reconhecer e acolher é o homo consumens, De acordo com
Bauman, o homo economicus e o homo consumens são homens e mulheres sem vínculos
sociais, solitários, autocentrados, compradores que adotaram
a busca pela melhor barganha como uma cura para a solidão. Ele escreve:
“
o maior e provavelmente mais fundamental sucesso da ofensiva de mercado até agora tem sido o gradual mas
persistente esfacelamento das habilidades de sociabilidade, reforçado e
acelerado pela tendência inspirada no estilo dominante de tratar outros seres
humanos como objetos de consumo e julgá-los, segundo o volume de prazer que
oferecem. Nesse processo [diz ele] , a solidariedade humana é a primeira baixa
causada pelo triunfo do mercado consumidor” (Bauman, 2003, p.96)
Neste cenário, parece-me interessante
considerar que o contexto de terapia possa funcionar como as “brechas” de
Morin, ou como ilhas de resistência como no filme Farenheit 451 ( referindo-me aqui ao original de François
Truffaut ).
Por fim, creio que há que cuidar de que a
crítica ao individualismo não nos retorne a um socialismo ingênuo, em que o
coletivo é sempre mais importante do que o indivíduo – já tivemos isso e
vimos que não funciona.
Morin, ao falar sobre a complexidade, amplia o conceito de Holismo de Smuts que abraçamos na Gestalt terapia, apontando que o todo É e NÃO É concomitantemente maior do que a soma das partes, que freqüentemente , em linguagem sistêmica, se sub-otimizam poder fazer parte do todo e ao mesmo tempo se otimizam ao dele fazer parte (Petraglia, 2001).
Descrevendo complexidade “como aquilo que se tece
junto”, aponta que o pensamento complexo, que leva em conta a complexidade das
situações e condições, é aquele em que
co-existem relações de antagonismo e solidariedade, de complementaridade e
concorrência, de incerteza e indeterminação, com o qual temos que considerar o
uno e o múltiplo sem desconsiderar nenhum (Petraglia, 2001).
No livro “Os 7 Saberes para a Educação do
Futuro”, Morin (2001) propõe a antropo-ética como forma de considerar o caráter
ternário da condição humana, que é a de ser ao mesmo tempo indivíduo/ sociedade
/ espécie, propondo como norte que todo desenvolvimento verdadeiramente humano
deva compreender “o desenvolvimento das autonomias individuais, das
participações comunitárias e o da consciência de pertencer à espécie
humana”
Creio serem estes princípios importantes de
serem integrados (ou deveria eu dizer
re-integrados ?) como figuras,
não só de retórica, em nosso
pensamento e em nossa prática. O indivíduo e o grupo.
Escolho terminar esta apresentação, como no
início, com palavras, imagens e sons que me chegaram através de um arquivo da
Internet , e que dizem respeito a este novo paradigma. Justamente porque não
falam não só a nossa mente racional, mas falam sobretudo aos nossos corações : [1]
Nota da Revista IGT na Rede: Para acessar a versão em português com imagens e
música do arquivo da Internet citado pela autora clique em qualquer parte do
texto abaixo:
Entonces le cantan “su canción”.
“Tus amigos conocen tu canción " y te la cantan
cuando la olvidas.
Ellos recuerdan tu belleza cuando te sientes feo;
Tu totalidad cuando te sientes quebrado;
Tu inocencia cuando te sientes culpable
Y tu propósito cuando estás confundido.“
(Traducción
del portugués: G. Leone)
Referências e Bibliografia :
Barreto
, Adalberto (2005). Terapia comunitária: Entre
Nesta Roda. Em Terapia Comunitária Passo a Passo. Ed. LCR Fortaleza.
Barreto, Adalberto. Histórico- Projeto Quatro Varas. Movimento Integrado de Saúde Mental Comunitária.
Texto do site doProjeto 4 Varas ( www.projeto4varas.com.br )
Bauman, Zygmunt
(1998) O Mal Estar da Pós- Modernidade. Jorge Zahar Ed., Rio de Janeiro.
Bauman , Zygmunt
(1999) Modernidade e Ambivalência . Jorge Zahar Ed., Rio de Janeiro.
Bauman,
Zygmunt (2004). Amor Líquido.
Jorge Zahar Ed. , Rio de Janeiro.
Boris , George Daniel
J. B
(1995). Das posições sócio-políticas de
Frederick Perls: conseqüências na
prática grupal em Gestalt-Terapia. Revista de
Gestalt nº 4, pp 21-34, Deptº de Gestalt-Terapia, Inst. Sedes Sapientiae, São
Paulo. (Extraído da dissertação de Mestrado “O Processo de Cooperação na
Psicoterapia de Grupo em Gestalt-Terapia”, Univ. Federal do Ceará, 1992) .
Carvalho, Edgar
de Assis (2001) . Prefácio. In Isabel
Petraglia. “Olhar sobre o olhar que olha” : Complexidade, holística e educação
pp 11-12. Editora Vozes, Petrópolis, RJ.
Ciornai, Selma (1983).
Art Therapy With Working Class Latino
Women. The Arts in Psychotherapy, 10,(2), pp
Ciornai, Selma (1991).
Em Que Acreditamos ? Gestalt Terapia Jornal, 1 (1), pp.
30-39. Centro de Estudos de Gestalt
Terapia de Curitiba, PR. (Apresentado
em 1989 no II Encontro Nacional de Gestalt -Terapia. Também em http://www.gestaltsp.com.br/textos/textos.htm
)
Ciornai, Selma
(1995). The Importance of the Background in Gestalt Therapy. The Gestalt
Journal , XVIII, nº 2:
7-34.
Ciornai, Selma (1999) From a Culture of Indiference Towards a Gestalt of Hope. The Gestalt Review
3(3): 178-189. (Apresentado no III Congresso da AAGT na mesa
de abertura “Voices From Three
Continents”). En espanol en el site http://www.transpersonalpsycho.com.ar
Ciornai, Selma
(2001) . Transcendendo a Pós-Modernidade.
Arte Terapia : Reflexões nº 4. Deptº de Arte Terapia , Instituto Sedes
Sapientiae, SP. (Apresentado em 1999 na
abertura do III Congresso Brasileiro de Arteterapia, São Paulo )
Ciornai, Selma (2004) . Contacto en la Vida, en la Concepción y Método
de la Gestalt-Terapia. Perspectiva Clássica y Perspectivas en las Culturas de
Idiomas Latinos. Mesa-redonda, "II Congresso Latino de Gestalt", Maceió, AL.
Grandesso, Marilene (2003). Terapia comunitária: um contexto
de fortalecimento de indivíduos , famílias e redes (mimeo). (Trabalho apresentado no 3º Fórum de debates
“Família Brasileira, Identidade
Brasileira,” CEAF, São Paulo)
Grandesso, Marilene
(2004). Terapia comunitária: uma prática
pós-moderna crítica (mimeo). Trabalho apresentado no VI Congresso
Brasileiro de Terapia Familiar).
Kepner, Elaine (1980). Gestalt Group Process. In Bud Feder & Ruth Ronall Beyond the
Hot Seat:Gestalt Approaches to Group, pp 5-24. Brunner /Mazel, Publishers, New York.
Kuhn, Thomas, S. (1962, 1970). The structure of scientific revolutions (second edition, enlarged) .The
University of Chicago Press, Chicago, USA.
Lee, Robert G. & Wheeler, Gordon (1996). TheVoice of
Shame: Silence and Connection in Psychotherapy. GIC Press, Jossey –Bass Publishers, San Francisco, USA.
Lyotard, Jean-François (1998) A Condição pós moderna .
Livraria José Olympio Editora , Rio de Janeiro.
Petraglia,
Isabel (1995). Edgar Morin, a Educação e a complexidade do ser e do saber.
Editora Vozes, Petrópolis, RJ.
Petraglia, Isabel
(2001). “Olhar sobre o olhar que olha” : Complexidade, holística e educação. Editora Vozes, Petrópolis, RJ.
Mariotti, Humberto
(2000). Complexidade, política e complexidade. Editora Palas Athena, São
Paulo.
Miguens, Marcela (1993) . Gestalt
Transpersonal: Un viaje hacia la unidad. Editorial Era
Nasciente, Buenos Aires.
Morin, Edgar. (2001). Os sete saberes necessários à educação do futuro. Unesco/Cortez Editora, São Paulo.
Morin, Edgar, Coudray, Jean-Marc & Leffort, Claude (1968) . Mai 68: La brèche. (Nova edição em colaboração com
Cornelius Castoriadis & Claude Leffort,
1988). Éditions
Complexe, Paris.
Morin, Edgar & Wulf, Christoph (2002). Planeta, a aventura
desconhecida. Editora UNESP, São Paulo.
Pena-Vega, Alfredo
& Almeida, Elimar Pinheiro
(org). O pensar complexo: Edgar Morin e a crise da modernidade. Garamond,
Rio de Janeiro.
Robine, Jean-Marie (2004). S’apparaître à lóccasion d’un autre. Léxprimerie, Bordeaux.
Ronall, Ruth (1980) . Intensive Gestalt Worksho ps: Experiences in
Community. In Bud Feder & Ruth Ronall,
Beyond the Hot Seat:Gestalt Approaches to Group, pp
179-211). Brunner /Mazel, Publishers,
New York.
Roszak, Theodore(1969).The
Making of a Counter Culture:Reflections on the Technocratic Society and its
Youthful Opposition. Anchor Books, Garden City, N.Y.
Santos, Jair
Ferreira (1986). O que é o pós-moderno ? Editora Brasiliense, São Paulo.
Subirats, Eduardo
(1986) . Da Vanguarda ao Pós-Moderno. Livraria Nobel, São Paulo.
Távora, Claudia
B. (1995) Gestalt-terapia e sociedade: psicoterapia-prática e política. Revista
de Gestalt nº 4, pp 35-41, Deptº de Gestalt-Terapia, Inst. Sedes
Sapientiae, São Paulo (Apresentado em 1993
no IV Encontro Nacional de Gestalt-Terapia,)
Vargas, Roberto (1979).
Liberacion Comunal: An ideology for promoting the health of Nuestra Raza,
Oakland, California: Razagente Associates (mimeo). (Presentado en el First Annual California Raza Health Planning
Conference) .
Vargas, Roberto (1981). Progente mental
health of and for the people. Berkeley: University of California. Mimeo.
Vargas, Roberto
(1987). Transformative knowledge, a chicano perspective. Being Global Neighbours (IC#17) , Context Institute.
Vinacour, Carlos A . (1995) . Nuevos Aportes al enfoque Gestáltico: Su inserción en el presente y
su proyección futura. VI Congreso Internacional de Gestalt,
Buenos Aires. (Em http://www.gestaltsp.com.br/textos/textos.htm)
Zinker, Joseph
C. (1978). Creative
Processes in Gestalt Therapy. Vintage Books, N. Y.
Zinker, Joseph .C.
(1994). In Search of Good Form:
Gestalt Therapy with Couples and
Families. GIC Press,
Jossey-Bass Publishers, San Francisco, CA.
Wheeler, Gordon (2000) . Beyond Individualism:Towards a
New Understanding of Self, Relationship and Experience. GIC Press, The
Analytic Press, Hillsdale, NJ.
[1] Nota da Revista IGT na Rede: Para acessar a versão em português do arquivo da Internet com imagens e música da apresentação citada pela autora clique em qualquer parte do texto “La Canción de los hombres” :